O tema do próximo número de Caliban é Testemunhos.

Abrir um espaço para pensar um tema amplo como Testemunhos nos leva a questionar
diversos aspectos em relação a um dizer, a um modo especial de relato singular e
situado. Implica pensar o testemunho a partir daquele que o enuncia, a testemunha, ou
seja, aquele que testemunha um litígio. Há também os depoimentos do sobrevivente,
aquele que viveu para contar a história, pois como diz Agamben (…) em um campo,
uma das razões que podem levar um deportado a sobreviver é converter-se em
testemunha
1.

Os desastres naturais, os ataques terroristas ou as catástrofes, são acontecimentos
traumáticos que conhecemos graças ao testemunho daqueles que sofreram essas
experiências. Segundo a chave do pensamento atual, situar o testemunho do trauma nas
tramas da linguagem e explicitá-lo por escrito, é dar origem à narrativa de um
acontecimento.

A questão do que se testemunha supõe levar em conta perante quem se testemunha. É
possível dar um testemunho sem o Outro?

O testemunho é aprés-coup. Desde Freud com as memórias do presidente Schreber até
os nossos dias, os psicanalistas lançam mão das memórias escritas daqueles que desejavam
dar conta de seus sofrimentos e, assim, contribuir para sua própria recuperação, para o
progresso de tratamentos futuros e para a reinvenção da psicanálise.

Se por um lado testemunho e o caso clínico partilham o fato de serem construções,
elaborações do conhecimento que compõem estruturas ficcionais que produzem efeito
de verdade, por outro lado o relato do caso clínico também é um testemunho do analista,
peça chave dessa experiência. Testemunho em transferência, a escrita e sua publicação
elevam a intimidade de uma vida à sua dignidade testemunhal, fazendo também com
que a psicanálise avance em sua transmissão.

Por isso nós, da equipe editorial de Calibán, convidamos você a dar seus testemunhos, assumindo o compromisso que implica aceitar as consequências desse ato.

Solicitamos que tenha atenção às orientações para autores. Elas estão nos números de Calibán ou no site: https://calibanrlp.com/lineamientos/

A data-limite para o envio dos trabalhos é 15 de outubro de 2023.

Eles podem ser enviados para: editorescaliban@gmail.com ou revistacaliban.rlp@gmail.com 

1 Agamben, G (2000). Lo que queda de Auschwitz. Valencia, Pre-textos.

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